Guia de Estudos Para Pentatônica: Parte 1 – Estudo de digitações

Fala pessoal, tudo certo? Bem vindos à Cover Baixo! Iniciarei uma série de colunas para explorar as pentatônicas, com um guia bastante denso de estudos.
A pentatônica é uma escala muito importante para nós baixistas. Por não ter notas evitadas* (avoid-notes), que são notas que chocam com a harmonia, a escala pentatônica é uma ferramenta muito útil para criação de grooves, frases, solos, além de ajudar muito no estudo de percepção musical.
Comumente, iniciamos o estudo de criação de grooves e improvisação pela pentatônica, antes de utilizar as escalas diatônicas, menor harmônica, etc.
Nesta série de colunas, abordaremos digitações, padrões, frases e grooves, dando um guia bastante completo de como estudar esta escala.
Sonoramente, associamos a pentatônica muito ao blues, mas ela é muito utilizada em todos estilos.
Em instrumentos de cordas, as notas se repetem em posições diferentes. É muito importante estudar todos os fundamentos musicais de várias formas possíveis, gerando conforto no braço inteiro e em todas tonalidades.
Dicas para estudo:
1 – Estude os exercícios em todos os 12 tons (ciclo de quartas);
2 – Estude os exemplos com metrônomo, ascendente e descendente;
3 – Encontre digitações alternativas para os exemplos, o que melhorará muito seu domínio do braço.
Penta Maior: T 2M 3M 5J 6M

Penta Menor: T 3m 4j 5j 7m

Penta blues:
Acrescentando um cromatismo na escala, temos a penta blues, que gera um “tempero” a mais para a sonoridade da escala.
Penta maior com blue note: acrescente a 3m

Penta menor com blue note: acrescente a 4aum

A blue note foi resultado da adaptação de características das escalas musicais utilizadas na música africana. As notas não se encaixavam perfeitamente na divisão de notas de instrumentos ocidentais, e essa “aproximação” das notas gerou a blue note, com uma sonoridade bastante interessante. Isso acabou se tornando uma característica importante da sonoridade blues e foi incorporado por diversos estilos.
Aplicação Acorde-Escala:
Um ponto importante para o estudo de escalas é saber relacioná-las com os acordes tocados.
Basicamente, a aplicação da pentatônica é utilizar a penta menor em acordes Cm7 e penta maior em acordes C7 e Cmaj7 (escala menor em acorde menor, escala maior em acorde maior).
Porém, a sonoridade blues muitas vezes utiliza a penta menor em acordes C7, gerando uma mistura entre sonoridade de escala menor e acorde maior. Isso também é muito utilizado em outros estilos, como country, jazz, rock, etc.
Obs: aplique o raciocínio em outros tons.

Sempre que for estudar escalas, busque relacionar com o acorde tocado com o acorde e o arpejo correspondente.
Dependendo da característica da música, pensamos na escala da tonalidade ou pensamos nas escalas a partir de cada acorde.
Nós baixistas, comumente tocamos grooves, e não acordes. Porém, o estudo de harmonia é indispensável para o domínio do instrumento.
Obs: no jazz, temos outras aplicações para a penta, gerando sonoridades outside.
Pentatônica: as 5 digitações
Agora veremos 5 formas de trabalhar a pentatônica, dividindo por regiões do braço.
Procure estudar essas digitações e conectá-las. Esses exemplos utilizam as 4 cordas.

Digitações com maior abertura:
Aqui temos outras duas possibilidades de digitações para a penta maior e menor. Considero essas duas digitações mais fáceis de visualizar e de utilizar na prática.

Escalas em duas oitavas:
Estudo muito importante para criar grooves e frases com uma tessitura mais aberta, sem se perder no braço.
Novamente, estude com calma nos 12 tons. Como teremos mudanças de região, dominar e transpor estes padrões pode ser bastante trabalhoso.
Penta Am em duas oitavas:

Penta C em duas oitavas:

Penta blues nas 4 cordas:

Tônica na Corda A:
Neste exemplo, trabalhamos nas 4 cordas, visualizando a tônica da escala na corda A.

Horizontal:
Por último, uma forma bastante interessante de trabalhar é horizontal, ou seja, em uma única corda. Esse tipo de exercício possibilita que você tenha mais segurança e precisão em mudanças de região, sem perder a tonalidade da música.

Descendentes:
Trabalhando as escalas do agudo para o grave. Nós muitas vezes estudamos predominantemente de forma ascendente (grave para o agudo). É necessário trabalhar o contrário também, para mais possibilidades.

As possibilidades são muitas. Aqui não esgotamos todas as ideias, mas temos um guia que pode render meses de estudo. Pratique em várias tonalidades, procure criar frases, fills e grooves utilizando as digitações.
Para ter fluência no braço inteiro para riffs, grooves e fraseados, é preciso trabalhar os fundamentos de várias formas possíveis. Você não precisa necessariamente memorizar todos exemplos dados, mas deve utilizá-los como referência para praticar.
Se for o caso, adapte para 5 ou 6 cordas, além de encontrar formas de executar com cordas soltas. Para quem toca rock e heavy metal, também é importante adaptar as digitações para afinação Drop D. Nas próximas colunas, trabalharemos padrões para técnica e exemplos práticos, com frases e grooves. Bons estudos!