
Nico Eterno
Num belíssimo tributo, Adriano Campagnani resgata a essência e genialidade de Nico Assumpção perpetuando sua influência para as novas gerações
Adriano, primeiramente, muito obrigado por topar bater este papo conosco. Que tal começar nos contando como surgiu a ideia de realizar este tributo?
ADRIANO: Eu quem agradeço o convite! A idealização deste projeto foi um conjunto de fatores: eu sempre quis tocar os temas e arranjos do disco Três/Three, e sou muito amigo do Lincoln Cheib, que gravou todas as baterias do disco em 2000. Sempre que nos encontrávamos eu tocava alguns trechos com ele até que um dia ele disse: “Vamos chamar o Nelson!”.
Você fez uma série de shows com Nelson Faria e Lincoln Cheib tocando o Três/Three na íntegra. O álbum possui versões de Tom Jobim e Milton Nascimento, mas também composições próprias do Nico, Lincoln e Nelson. Como é interpretar essas músicas com seus criadores?
ADRIANO: Para mim é muito emocionante, pois muito antes do disco existir, em 1993 ou 94, o Nico fez um show na minha cidade.
Naquele dia, meu telefone tocou e quando atendi, ouvi: “Adriano? Nico aqui.”. Minhas pernas tremeram e eu respondi “Sim. Em que posso ajudar?”.
Ele pegou meu número porque ficou sabendo que eu tinha um sistema SWR (cabeçote SM400 e caixa Goliath II 4×10).
É claro que saí correndo e levei tudo pro local da apresentação. Me lembro que ele perguntou se eu teria um reverb também, e eu levei um MIDIVerb da Alesis. Fiquei a tarde com os três na passagem de som, e o Nico me deixou tocar em seu baixo Wood da época, foi uma tarde de muito aprendizado.
Na hora do show, levei um gravador de fita cassete e gravei o show todo. Ouvi inúmeras vezes por muitos e muitos anos. Ou seja, sete anos antes do Três/Three ficar pronto, eu já conhecia vários temas e arranjos do disco.

Três/Three é um dos últimos trabalhos de Nico. Isso traz, para você, algum significado especial?
ADRIANO: Significado mais do que especial. Nico foi o meu maior ídolo do contrabaixo, já começa por aí, então você com certeza pode imaginar… Ao meu ver, essa oportunidade de representar seu contrabaixo é a honraria máxima para mim em mais de 30 anos de profissão e dedicação à música. É algo muito especial.
Como foi a busca de timbre e sonoridade para este trabalho? Nos conte sobre a abordagem técnica e também sobre equipamento.
ADRIANO: Sempre ouvi muito o Nico. Antes dele usar os baixos Wood – na época construídos pelo Zé Eduardo -, ele usou muito um Ken Smith, que foi um instrumento o qual ele moldou ao timbre que ele queria. Para esse projeto eu escolhi um baixo Ken Smith de 6 cordas, um reverb e um timbre synth, usado por ele na parte que antecede o solo na faixa Eu Sei Que Vou Te Amar, tudo na Pedaleira/Synth BOSS SY-300.
Existem planos para mais apresentações no futuro, ou quem sabe, gravações?
ADRIANO: Claro! Este projeto vai rodar muito o país e o mundo ainda, estou dando prioridade total a ele. Quanto a gravações, sim, existe um projeto do qual ainda não posso dar muitos detalhes, mas será algo muito importante! Fiquem ligados nas nossas redes sociais! Você pode me encontrar no Instagram em @adrianocampagnani.
