Resenhas de Workshops
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Resenha de Workshop – Billy Sheehan

MASTERCLASS BILLY SHEEHAN – MANIFESTO ROCK BAR | 29/10/19

“Guitar Hero” é um termo amplamente utilizado por nossos irmãos das seis cordas quando um músico representa toda uma geração de forma positiva. Ele (a) vira referência e passa então a nos influenciar em sua abordagem musical e porque não, até no visual?

Incluo essa parte externa, o que os olhos veem, porque a resenha de hoje fala sobre um cara que atravessou com sucesso os famosos “anos 80”. Usava instrumento rosa, polainas, cabelão desfiado e compartilhava microfones pra fazer backing vocals, colando bochecha com seus companheiros de banda.

Meu amigo, quer fórmula mais completa do que essa?

Mr. Billy Sheehan, este jovem senhor de 67 anos nos brindou com sua MasterClass no Manifesto Bar em São Paulo. Em data única no país, recebeu cerca de 200 baixistas (ou entusiastas do instrumento) que estavam famintos para devorar suas histórias e experiências de vida.

Por um erro de logística, este colunista que vos escreve infelizmente teve sua entrevista cancelada de última hora com o homem. De consolo, restaram boas fotos, um privilegiado lugar para assistir ao “show” e durante sua sessão de perguntas e respostas com o público, aproveitei para disparar uma das perguntas que estavam programadas. E a resposta foi surpreendente! Continue a ler esta resenha e confira =)

Nosso Bass Hero entrou no palco pontualmente ás 20:00. Sorridente como sempre, saudou os presentes e já começou a desfilar toda sua técnica. É impressionante dizer que o cara realmente não erra uma nota e no caso dele, o lema “prática leva à perfeição” cai como uma luva. Voltando brevemente a descrever o que foi o pré MasterClass, vimos o baixista passar o som das 17 horas até a hora do evento começar. Concentrado no camarim e munido de um pequeno amplificador Hartkle, vimos e ouvimos a fritação incessante, e de muito bom gosto. Já no palco, além de utilizar cabeça e caixa da Hartkle (mas não os modelos que usa com frequência), usou também um compressor da MXR e dois Line 6 MX Stomp.

Voltando ao que interessa, Mr. Sheehan solta logo de cara sua melhor frase: “Olá, meu nome é Billy Sheehan e toco contrabaixo há 54 anos”. O peso dessa afirmação foi responsável imediatamente por uma salva de palmas durante minutos. Logo após, disse estar feliz por voltar ao Brasil e abriu o espaço para as perguntas, auxiliado pelo intérprete Fabio Nogueira Santos, da banda The Soundtrackers.

Em um momento inusitado, um fã perguntou se podia tocar no baixo do Sheehan e o mesmo disse que sim! Era nítido o nervosismo do cara, mas no fim deu tudo certo e ainda ganhou um abraço do mestre seguido do comentário que ele se sentia honrado de poder notar que era uma referência para os mais novos. Encerrou o momento dizendo que tocar pra ele é um processo doloroso e muito duro, mas que o resultado e as consequências fazem valer muito a pena.

Aproveitando o gancho, resolvi pegar o microfone e fazer então uma das perguntas que tinha programado para a entrevista, que foi a seguinte: “Billy, sabemos que além de tocar em bandas, você também é conhecido por atuar como músico contratado. Como é geralmente seu comportamento nesse tipo de situação? Você respeita seu cliente sem argumentar ou sempre impõe uma condição de livre criatividade na hora de gravar? ”

E ele me responde com um simples “O cliente é quem manda! Se ele quiser que eu toque assim (toca uma base super simples), eu toco. Agora se ele quiser que eu toque assim (toca um arranjo muito mais elaborado) está ok também”. Ainda complementou dizendo que o importante é tocar o que a música pede e emendou com uma curiosa história dos tempos com Steve Vai, onde ao improvisar em ensaios na música “For the love of God”, o guitarrista perguntou se estava assim gravado no disco. Ao responder que não, Vai disse “toque como no disco”. Pode soar bem sério ao ler, mas ele contando foi uma situação muito engraçada e o mesmo lembra-se com muito carinho daquela época, além de ter dito que a melhor decisão que tomou na vida foi ter se juntado com David Lee Roth, para gravar seu disco solo.

Após mais algumas perguntas, Billy chama ao palco o guitarrista Fares Jr. e o baterista Ricardo Confessori (Shaman/Angra) para tocarem algumas músicas, com o baixista também assumindo os vocais. Na última música do curto set, Fabio volta e dessa vez cantando “Wrathchild”, do Iron Maiden.

Nosso Bass Hero despede-se dos presentes agradecendo novamente pela oportunidade e promete retornar em breve. É ovacionado e assim encerra-se uma divertida noite, com muita música e informação com um dos maiores do planeta, e, fazendo um trocadilho piegas, literalmente um Mr. Big.


Credenciamento: TC7 Produções
Fotos: André Tedim

Fabio Carito

Fabio Carito é baixista, letrista e compositor. Hoje, é integrante da banda alemã de Power Metal Metalium. Também é sideman de artistas como Tim “Ripper” Owens (Judas Priest/Iced Earth/Yngwie Malmsteen), Udo Dirkschneider (Accept/U.D.O), Roland Grapow (Helloween/Masterplan), Michael Vescera (Malmsteen/Loudness) e Leather Leone (Chastain/Solo), onde excursiona em territórios nacionais e internacionais. Também foi integrante da banda solo do vocalista Warrel Dane (Nevermore/Sanctuary/Solo) até seu falecimento em 2017. Possui mais de 30 trabalhos gravados por gravadoras como Century Media, Massacre Records, Wikimetal e um DVD instrucional lançado de forma independente. É colunista da Cover Baixo desde 2017.
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